quinta-feira, 2 de março de 2017

Cruzeiro "Caribe Mágico" - Fort-de-France (Martinica) - I


E chegámos ao 6º dia desta primeira semana de cruzeiro.





Ao início da manhã o navio entrou na baía de Fort-de-France.

A ilha de Martinica (Martinique), de origem vulcânica, é uma das quatro ilhas das Caraíbas que faz parte da França (também conhecidas como Antilhas Ocidentais Francesas). As outras ilhas são St. Martin, Guadalupe e St. Barts. A capital é Fort-de-France, a moeda o euro e o idioma oficial o francês. Tem uma área total de 1128 km² (65 km de comprimento e 27 km de largura) e uma população de cerca de 400 000 habitantes.

Martinique foi inicialmente habitada pelos Arawaks da América do Sul mas a maioria desses primeiros habitantes morreram na erupção do Monte Pelée no ano de 295. Por volta do ano 600, os Caribes expulsaram os Arawaks, que entretanto tinham voltado à ilha, e estabeleceram-se por aqui.
A ilha foi avistada em 1493 por Cristóvão Colombo (quem mais poderia ser?!) que aqui desembarcou depois em 1502, durante a sua quarta viagem ao Novo Mundo. No entanto os espanhóis acharam que a ilha não valia a pena e seguiram para sul. Em 1635, a partir da ilha de St. Kitts, os franceses enviaram um grupo de cem colonizadores para Martinique que aqui formaram uma pequena colónia. 
A plantação e o comércio de cana-de-açúcar tornou-se no principal negócio da ilha e muitos escravos Africanos foram enviados para trabalhar nas plantações. Durante 150 anos a escravidão e a revolta de escravos foram de grande influência na economia e na politica de Martinique. 
Até 1815 a posse da ilha alternou entre a França e a Inglaterra. 
Em 1848 a escravidão foi abolida nas Antilhas Ocidentais Francesas. Trabalhadores indianos foram trazidos depois para substituir os escravos negros.
Em 1888 a população da ilha aproximava-se dos 175 000. No dia 8 de Maio de 1902 o Monte Pelée volta a entrar em erupção e destrói a cidade de Saint Pierre, que era na altura a cidade mais importante. Só um dos habitantes da cidade sobreviveu (entre 30 000 e 40 000 mortos). 
Cerca de 20 anos mais tarde o mercado mundial do açúcar começa a entrar em declínio o que leva a que, em 1928, seja introduzida a plantação de bananas. 
Em 1974 Martinique tornou-se uma região de França
A economia actual baseia-se principalmente no comércio, pequena indústria, turismo e agricultura. 

Tínhamos alugado um carro que teria que ser levantado, mais uma vez, no aeroporto que dista cerca de 11 km do terminal de cruzeiros. No balcão da rent-a-car implicaram com o facto da pessoa que ia conduzir não ser a mesma que ia pagar. Quem ia conduzir não tinha o cartão de crédito ali e quem ia pagar não tinha a carta de condução. Como a má vontade dos empregados em tentar resolver a situação se manteve afincadamente não tivemos outra alternativa senão regressar ao porto e pagar mais um táxi. Voltar ao aeroporto já com a documentação certa não foi uma opção pois ficámos revoltados e sem nenhuma vontade de voltar a falar com aquele pessoal! Mais faz quem quer do que quem pode, sempre ouvi dizer..!
Acabámos por negociar com um motorista de carrinha um passeio que nos levaria a conhecer parte do interior da ilha, o Monte Pelee (pensávamos nós), Saint Pierre e regresso a Fort-de-France pelo litoral. O preço por pessoa foi de 43,00€.

A primeira paragem foi na Igreja do Sacré Couer de Balata (réplica exacta, em miniatura, da Catedral parisiense com o mesmo nome), situada nas colinas acima de Fort-de-France e com vistas para a cidade e parte da ilha. A construção iniciou-se em 1924 tendo terminado em Agosto de 1925.





A viagem continuou e embrenhámo-nos na floresta da chuva (Rain Forest). A vegetação é tropical, luxuriante e muito cerrada. Fizemos uma primeira paragem para observar a vegetação autóctone!






A paragem seguinte foi logo de seguida, junto a uma queda de água (Riviére Alma)!








Parámos de seguida num local de onde era possível avistar alguns dos picos vulcânicos que formam o Piton du Carbet, estando o mais elevado a 1196 m de altitude. 

Mais uma paragem, desta vez para visitarmos o Parque Natural e Jardim "Domaine d'Émeraude". Situa-se na Route de la Trace, em Morne-Rouge. Está aberto todos os dias entre as 9h e as 16h. A entrada custou 6,00€ por pessoa. Estivemos aqui cerca de 40 minutos. Aqui podemos encontrar um pavilhão interactivo de exploração, um pavilhão de Educação ambiental, circuitos para caminhadas, muitas árvores, plantas e flores.  












A paragem seguinte, pensávamos nós, seria para aceder ao Monte Pelée (Montanha Pelada), um vulcão activo, constantemente monitorizado e  cuja última erupção decorreu entre 1929 e 1932. Localiza-se a 1397 m de altitude. Quando parámos o motorista disse-nos que a subida ao cume só poderia ser feita a pé e poderia levar cerca de duas horas. A neblina existente não deixava sequer ver o cume! Tanta curva para nada!


Sendo Martinica considerada a Capital Mundial do Rum, claro que era "obrigatória" uma visita a uma das destilarias. A ilha abriga 15 marcas conhecidas, cada uma utilizando um método de produção único e comparados aos mais finos conhaques. Estes runs carregam a classificação (AOC) de Denominação de Origem Controlada que é reservada a vinhos finos. São várias as destilarias, espalhadas pela ilha, que oferecem degustações gratuitas. E acaba-se sempre por comprar alguma coisa!



Seguimos depois até Saint Pierre, que chegou a ser a mais cosmopolita cidade da ilha e até a sua capital, e que foi destruída pela fúria do Mount Pelée a 8 de Maio de 1902.
"A 8 de Maio de 1902 uma nuvem ardente desprendeu-se do alto do vulcão e destruiu por completo a cidade de Saint-Pierre, provocando a morte de entre 30 000 a 40 000 pessoas. O fluxo piroclástico, uma cinza vulcânica com cerca de 300°C, cobriu 20 km ao longo de toda cidade de Saint Pierre, seguida pela lava, de aproximados 1000°C. O efeito do fluxo piroclástico é tão devastador que em três minutos exterminou aquele povoado, derreteu casas e prédios. Pessoas foram encontradas queimadas, contorcidas, explodidas.Na verdade, desde Janeiro, quatro meses antes da erupção, que La Pelée começou a mostrar um aumento abrupto na actividade de fumarolas, mas os habitantes mostraram pouca preocupação. Isso mudou, no entanto, a 23 de Abril, quando começaram as explosões menores na cúpula do vulcão. Nos dias subsequentes, Saint-Pierre foi atingida por tremores de terra, coberta por uma chuva de cinzas e envolta numa nuvem espessa e asfixiante de gás sulfuroso. As condições ambientais deterioraram-se ainda mais quando a cidade e as aldeias periféricas foram invadidas por insectos e cobras que desciam pelas encostas do Monte Pelée, fugindo da tempestade de cinzas e dos tremores. Cerca de 50 pessoas, a maioria crianças, morreram picadas por cobras, juntamente com cerca de 200 animais. Quando as erupções se intensificaram, as águas do lago situado na cratera do vulcão, denominado Étang Sec, começaram a ferver. A 5 de Maio, a borda da cratera cedeu e uma torrente de água escaldante desceu em cascata pelo rio Blanche. A água quente misturada com detritos piroclásticos gerou uma enorme avalanche (lahar), que descia a uma velocidade de aproximadamente 100 quilômetros por hora. Essa enxurrada de lama vulcânica soterrava tudo à sua passagem. Invadiu uma destilaria de rum, perto da foz do rio, ao norte de Saint-Pierre, matando 23 trabalhadores. O lahar chegou ao mar, gerando um tsunami de três metros de altura que inundou as áreas baixas, à beira-mar. Nesse dia, o governador Luís Mouttet recebeu um relatório de uma comissão de líderes cívicos que escalou o vulcão para avaliar o perigo. O único cientista do grupo era um professor da escola secundária local. O relatório afirmava que "não há nada na actividade do Monte Pelée" que pudesse levar a população a deixar a cidade e concluía que "a segurança de Saint-Pierre está completamente garantida". O relatório aliviou os temores e deu esperança aos funcionários municipais que estavam particularmente preocupados com os eleitores permanecerem na cidade para votar durante a eleição que seria realizada a 11 de maio. As únicas pessoas com dinheiro suficiente para sair da ilha foram os ricos, quase todos pertencentes ao Partido Progressista do governador Mouttet. Mouttet convenceu o editor conservador do jornal Les Colonies a minimizar o risco representado pelo vulcão e a liderar o esforço para encorajar as pessoas a permanecerem na cidade. Ainda assim, alguns moradores deixaram a cidade. Isso levou o governador Mouttet a enviar tropas para patrulhar a estrada para Fort-de-France, com ordens para fazer retornar aqueles que tentavam sair. Com base nos tranquilizadores artigos publicados por Les Colonies, muitas pessoas do meio rural reuniram-se em Saint-Pierre, pensando que fosse o lugar mais seguro. A população aumentou, chegando a cerca de 28.000 pessoas. Quase todas pereceriam na erupção de 8 de maio. Esse dia era feriado em Saint-Pierre - festa da Ascensão -, o que também incentivou mais pessoas a irem para a cidade.Houve dois sobreviventes - Louis- Auguste Cyparis, um prisioneiro que se encontrava numa cela solitária, cujas paredes espessas funcionaram como uma protecção, e Léon Compère-Léandre, um sapateiro que vivia na periferia da cidade. Outras fontes citam também uma menina, Havivra Da Ifrile." - Fonte: Wikipédia (fiz algumas alterações/correcções gramaticais)
Embora a cidade tenha sido reconstruída não voltou a ter a importância de outrora e são muitos os vestígios dos locais destruídos em 1902. É impressionante pensar em tudo o que aconteceu neste local. O nosso motorista referiu-nos que só teria havido um sobrevivente, o tal prisioneiro, salvo por ter sido colocado numa solitária.  

As ruínas mais impressionantes são as do Teatro do século XVIII e as da prisão, onde se destaca a cela que manteve Cyparis vivo.







Já passava da uma e meia da tarde quando voltámos à carrinha. Fizemos depois uma outra paragem para apreciar a vista.


E voltámos a parar mais uma vez para ver Saint Pierre de um outro ângulo.


 E eram horas de regressar a Fort-de France. Não parámos para almoçar pois comemos as sandes e bolachas que tínhamos. No regresso ao navio fomos lanchar.

A saída do Costa Magica estava prevista para as 18h e um pouco antes juntámo-nos no exterior para assistir à partida e também ao pôr-do-sol.



















Au revoir Martinique! À bientôt!
Daqui a uma semana estaremos de regresso!

E toca a despachar para assistir a mais um espectáculo, desta vez "Cinemagique"! Seria também dia de despedida para os passageiros que desembarcariam no dia seguinte em Guadalupe, como tinha sido na noite anterior para os que desembarcaram em Martinique, e foram muitos!
E que chatice, lá temos que ir jantar! Nada a dizer da comida da Costa, pelo contrário!

E enquanto o navio navega em direcção a norte, de regresso ao ponto de partida, a ilha de Guadalupe, nós estamos felizes por ter mais uma semana a bordo!
Até já, vemo-nos de novo em Guadalupe!
A



2 comentários:

  1. Como eu concordo contigo Silvia, "faz mais quem quer do que quem pode", sempre assim foi e assim sempre será �� Mas, pelo o que li, ainda bem que assim foi! As circunstâncias obrigaram-vos a visitar sítios que bem certo não teriam ido sem o motorista a fazer-vos a visita guiada �� ��

    Muito interessante a história desta ilha, dei por mim entusiasmada com a leitura das tuas descrições. Como sempre!!!

    Mais uma vez GRATA pela tua partilha.
    Adoro viajar contigo ������

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    1. Obrigada amiga! Tivesse eu o dom da escrita como tu e estes relatos seriam bem melhores!

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