segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Myanmar & Bangtao Beach - Yangon - dia 2


Mingalaba!
Depois de uma noite bem dormida nada como um bom pequeno-almoço para começar o dia da melhor maneira. Às oito da manhã estávamos a sair do nosso quarto e a dirigir-nos para a sala de pequeno-almoço do Best Western Chinatown.
Os meus olhos dirigiram-se logo para a zona da comida típica! Adoro experimentar comida de outros países! E que bom aspecto que tinha toda a comida aqui! Comecei por comer fruta e só depois fui experimentar o pequeno-almoço típico de Myanmar, uma sopa que tem o estranho nome de "Oùn-nó k'auq-s'wèh" e que no hotel estava traduzido como "Sopa de leite evaporado com noodles" e que é confeccionada com leite de coco. 



O empregado colocou duas conchas de sopa no meu prato e depois juntou um pouco de cada um dos ingredientes que estão na foto de cima: cebola, coentros, lima ou limão e ovo cozido. Disse não ao molho de cor acastanhada pois não consegui saber o que era e a umas sementes que pensei serem picantes e de manhã talvez não fosse boa ideia!
Enquanto eu me deliciava e até repetia esta iguaria, o Carlos dedicava a sua atenção à comida mais ocidental, tal como fruta, pão, manteiga, bolos... 



 E aqui está a prova de que eu adorei esta sopa! 

Regressámos ao nosso quarto, o 911, e pouco depois voltámos a sair para apanhar um táxi para a baixa da cidade, mais propriamente até ao cais de Botahtaung, a sul. O táxi custou K4200 (cerca de €3,00).


Este é, normalmente, um bom local para observar a azáfama diária de chegada e partida dos barcos que ligam as duas margens do rio Yangon. Do outro lado está a cidade de Dala. Neste dia, por ser feriado (Tazaungmone - celebram-se os protestos dos estudantes  em 1920, um passo considerado crucial no caminho para a Independência), o local tinha pouca gente. Um casal de namorados ofereceu-se para nos tirar algumas fotos e nós claro que aceitámos!














Dez da manhã e a temperatura já devia rondar os 30ºC. Não muito longe do cais está o Pagode Botahtaungum dos três grandes pagodes da cidade. Como está mais longe do centro não é tão frequentado. 
A entrada custou K6000 (€ 4,26). Horário de abertura: diariamente entre as 06:00 e as 19:30.
Terá sido construído há mais de 2000 anos, depois de 1000 líderes militares terem escoltado relíquias de Buda desde a Índia. Diz-se que, durante seis meses, este pagode terá guardado 8 fios de cabelo antes de estes serem distribuídos por outros locais. Em Novembro de 1943, durante a 2ª Guerra Mundial, foi completamente destruído por um bombardeamento aéreo das Forças Aliadas. Após a guerra foi reconstruído, no mesmo local e num estilo muito semelhante mas com uma característica única que o diferencia de outros: a sua estupa é oca e é permitido percorrer o labirinto de corredores dourados. No centro da estupa estão guardadas as relíquias de Buda, rodeadas de muito ouro, jóias e dinheiro!
A sudoeste do templo está um pavilhão de nats (espíritos) que contém imagens de Thurathadie (Sarasvatideusa hindu da sabedoria, das artes e da música) e de Thagyamin (Indra, rei dos Nats) flanqueando completamente o nat mais popular de todos, o Bobogyi.  O Bobogyi de Botataung é o mais famoso de todos. 
http://www.botahtaungpagodamm.com/ - Bobogyi de Botataung
Num outro canto do templo está um lago com tartarugas. 





http://www.botahtaungpagodamm.com/
Na entrada para o interior da estupa havia muita gente e tivemos que entrar para a fila. Lá dentro todos se amontoam em frente às relíquias do Buda, rezam, meditam e fazem as suas oferendas. Nem imaginam a quantidade de oferendas em dinheiro e jóias que estão neste local! Circulámos pelos labirínticos corredores e depois saímos, dando por terminada a visita a este pagode. 
http://www.botahtaungpagodamm.com/


Até quase ao fim da visita parecia que éramos os únicos turistas estrangeiros por aqui! 
Mesmo com o calor que se fazia sentir resolvemos ir caminhando em direcção à zona colonial, ainda na baixa. 
Os autocarros que circulam pela cidade devem ter uns 50 anos e muitos deles estão a cair aos bocados! Apesar de em Myanmar se conduzir à direita há mais de 30 anos é raro encontrar um automóvel com volante à esquerda, à excepção de alguns autocarros. Isto torna a condução mais perigosa e até nos habituarmos levou tempo. Muitos dos autocarros circulam com a tampa do motor aberta por causa das altas temperaturas que se fazem sentir no exterior! A deslocação de ar sempre deve refrescar aqueles motores jurássicos!!!
A acompanhar tudo isto o intermitente som das buzinas a que nos vamos habituando!





Hotel Strand é o hotel mais famoso da cidade. Os irmãos Sarkies abriram o hotel em 1901 (eram também proprietários do Hotel Raffles em Singapura) e nos primeiros anos foram muitas as personalidades que aqui se hospedaram. Durante a Segunda Guerra Mundial os japoneses assumiram o controle do hotel que passou a chamar-se "The Yamato Hotel". Até 1945 os birmaneses não estavam autorizados a hospedarem-se aqui. No seu período mais negro, entre 1962 e 1989, o hotel pertencia e era gerido pelo governo. Em 1993 recuperou alguma da sua antiga glória. Em 2016 esteve algum tempo fechado para remodelação. 




As muitas alterações sofridas pela cidade ao longo dos anos levaram a um total caos urbanístico, com edifícios coloniais que foram recuperados e mais tarde de novo abandonados. Este património colonial convive lado a lado com templos, mercados, lojas, restaurantes chineses, hotéis, blocos de apartamentos, mesquitas indianas, escritórios, embaixadas, etc. 

Deixámos a Strand Rd, virámos à direita na Pansodan Street e depois à esquerda na Merchant Rd para entrar depois na rua que tem o mesmo nome do Parque, a Mahabandoola. 






Por todo o lado há bancas e esplanadas. O que chama a atenção é o tamanho das mesas e cadeiras destas esplanadas. Até parecem ser para crianças!



No centro do Parque Mahabandoola destaca-se um obelisco branco, rodeado por dois círculos concêntricos de  chinthe (divindades metade-leão, metade-dragão), que celebra a independência do país.

 



Este jardim é um oásis no coração da baixa da cidade. Ao seu redor destacam-se alguns edifícios coloniais, entre eles a Câmara e o Supremo Tribunal. 
Ao fundo o antigo edifício do Tribunal, construído no início do século XX. Até 2006 funcionou aqui o Tribunal Supremo de Myanmar

Câmara Municipal. Considerado um bom exemplo da arquitectura birmanesa. Construído entre 1926-1936.













Venham! Vamos continuar a caminhada pela cidade!


E não é preciso andar muito para encontrar uma pequena estupa. O pagode, conhecido por Kyaik Athok Zedi ou Pagode Sule, está localizado entre ruas movimentadas, um mercado e os edifícios da Câmara e do Supremo Tribunal.  Este templo terá sido construído há mais de 2500 anos, no tempo do Buda Guatama. Diz a lenda que o local onde o templo foi construído terá sido outrora a casa de um poderoso nat (espirito), de seu nome Sularata (o Nat de Sule). 


O tamanho da estupa foi aumentado para o actual pela rainha Shin Sawbu (1453 - 1472). O resto do pagode tem "apenas" algumas centenas de anos. Decidimos não entrar e apreciar apenas o incomum exterior.

Fachada da Câmara
 O empregado da companhia de autocarros vai apregoando alto e bom som o que deduzi ser o itinerário da viatura. Claro que não percebemos nada. Poderão ouvi-lo no video que colocarei mais à frente.

Do lado esquerdo o Pagode Sule e de frente a Mesquita Bangali Sunni Jameh

Monjas adolescentes

Fila para o cinema! Não esquecer que era feriado.
Já tínhamos caminhado alguns quilómetros, o calor era  muito, a sede apertava e a fome já espreitava pelo que decidimos procurar um local para almoçar. Não foi necessário procurar muito pois encontrámos logo o Mr. Chef. Depois de escolhidos os pratos nada como refrescar com uma cerveja de Myanmar!
Delicioso!



Depois do almoço (20 500K - 14,60€) voltámos ao calor abrasador que se fazia sentir. 
Este edifício, a Sakura Tower, foi construído em 1999  por uma empresa japonesa. Tem 100m de altura e 20 andares. 19 dos andares são ocupados por escritórios e no 20º andar encontra-se o Sky Bar com vista panorâmica sobre a cidade. Era nossa intenção ir até lá acima mas era uma e meia da tarde e ainda queríamos ir fazer a "Circle Line"!


E lá chegámos à Yangon Central Railway Station, a estação de comboios.
 Com a ajuda de alguns populares, que estão sempre dispostos a fazê-lo, lá encontrámos a plataforma certa (6/7). Os dois bilhetes para a "Circle Line" custaram 400K (0,29€) e uma água 300K (0,22€). Aguardámos cerca de quarenta minutos pelo comboio. Não havia muita gente na estação, mais uma vez culpa do feriado!
E lá chegou o comboio! E o que é a "Circle Line"? Como o próprio nome indica, é uma linha que circula ao redor da cidade, tendo como ponto de partida e chegada a mesma estação. Claro que quem quiser pode sair em qualquer uma das outras estações e se quiser volta a entrar. Nós decidimos fazer a volta completa sem sair, o que levou quase três horas. Saímos às 14h30m e regressámos às 17h20m. São 45.9 km e 39 estações. 
Esta linha foi construída durante a época colonial britânica. O comboio, que penso que é dos anos 60 e circula a baixa velocidade!




















Esta é uma experiência que recomendo a quem visita Yangon. Não pela paisagem em si mas sim pelo que acontece dentro das carruagens e nas estações onde o comboio pára. É como se fossemos telespectadores de um filme sobre o dia-a-dia destas gentes, só que também estamos a fazer parte. Só o feriado é que estragou um pouco o filme pois as carruagens costumam ir cheias de gente e de produtos e neste dia isso não aconteceu! Muitas das mulheres e crianças que vimos pareciam estar vestidas com os seus melhores trajes. Do lado de fora a paisagem nem sempre é agradável, muito lixo, muitos barracos e muita pobreza. Mas quase todos parecem ter smartphones...



Nas estações vão entrando vendedores, neste dia eram principalmente de fruta, que circulam pelas carruagens tentando vender os seu produtos até sair numa outra estação.
E nalgumas estações os vendedores tem os seus produtos estendidos pelo chão ao longo dos carris! Enquanto uns aguardam por quem lhes compre os produtos, outros reúnem-se à volta de uma pequena mesa para comer, convivem, fazem contas ou apontamentos! A vida a passar em frente aos nossos olhos enquanto o comboio segue para a estação seguinte! 





Ao longo das quase três horas passámos por várias localidades, campos cultivados, por pequenas aldeias, por zonas de barracas onde a miséria e o lixo imperam, por pequenos mercados, por alguns templos e por muitas estações, umas vazias, outras com mais movimento. 



Esta é das poucas fotografias que tirei dentro da carruagem onde viajámos. Provavelmente não se teriam importado mas preferi assim. No video há mais algumas imagens do interior. Como podem ver os bancos não eram nada confortáveis e o sistema de ventilação era o de janela aberta, que até é o que eu prefiro!

Regresso ao ponto de partida!






Apanhámos um táxi e regressámos ao hotel. 
Deixo-vos agora um simples video que compila as filmagens deste dia.

Mais tarde voltámos a sair, também de táxi (3 800K - 2,70€), para ir jantar a um dos restaurantes recomendados pelo Trip Advisor. Foi a primeira viagem onde utilizei a aplicação na busca de restaurantes e fiquei agradavelmente surpreendida. Talvez sorte de principiante...?
O restaurante escolhido foi o Monsoon Restaurante & Bar Yangon. Este restaurante está localizado na baixa da cidade, não muito longe do Hotel Strand, zona por onde andámos pela manhã. É um restaurante mais direccionado para turistas e que serve comida típica de vários países asiáticos. Nós optámos pela comida local e escolhemos, para entrada uma tempura de vegetais. O Carlos optou depois por um caril de frango e eu pela tradicional sopa "Mohinga", uma sopa de peixe e massa que constitui a base do pequeno-almoço birmanês. As cervejas vieram acompanhadas de um pratinho de amendoins, o que é comum!
A cozinha birmanesa foi influenciada pela dos seus países vizinhos: Índia, Bangladesh, China, Laos e Tailândia. 




Regressámos ao hotel depois de jantar (4 000K - 2,84€) e fomos descansar pois o dia seguinte seria longo e provavelmente cansativo!



Constatação do dia: Os birmaneses são um povo simpático, sorriem-nos sem qualquer motivo e oferecem-se para ajudar. Às vezes olham-nos com curiosidade! Nunca tinha estado num sítio onde visse tão poucos turistas embora eles andem por aqui. Já encontrámos alguns com guias privados, vimos autocarros de excursões mas não nos temos cruzado com eles nos locais que visitámos. 

Sem comentários:

Enviar um comentário