Este não seria o nosso último dia em Bagan mas seria sim o último em que visitaríamos os seus templos. Às nove da manhã lá estava o Kyaw Kyaw à nossa espera com as e-bikes. Eu, que sempre tive algum receio em andar de motorizada, tenho que confessar que adorei estes passeios. Lá seguimos em direção a mais alguns templos embora os principais e mais interessantes estivessem já vistos.
A primeira paragem foi no Templo Ahlodawpyae, que significa "Cumprimentos de desejos". O estilo situa-se entre o primeiro período e o período intermédio de Bagan. A estrutura é simples, sendo o santuário em forma quadrada com janelas no lado norte e sul. No terraço um pequeno pagode de forma piramidal que se encontrava a ser remodelado ou reconstruído.
As oferendas ao Buda |
À volta deste templo existiam muitos outros e subimos a um deles para apreciar a vista!
De acordo com a tradição budista em Myanmar é quase praticamente obrigatório que todos os rapazes, com mais de oito anos, entrem para um mosteiro, nem que seja só por uma semana. Tanto para os rapazes como para as suas famílias esta acção é considerada uma bênção pelo que são poucos os adultos homens do país que não passaram algum tempo num mosteiro. Acaba também por ser uma maneira dos jovens seguirem os seus estudos visto que muitas famílias não teriam posses para os manter a estudar. Durante a cerimónia que antecede a entrada no mosteiro, de seu nome Shinbyu, os rapazes rapam o cabelo.
Os monges saem dos mosteiros todas as manhãs após o pequeno-almoço, que é tomado entre as cinco e as seis da manhã, para recolher comida que lhes é doada pela população. Regressam aos mosteiros a meio da manhã, almoçam e não comem mais até ao final do dia. O traje dos monges é constituído por apenas três peças: blusa, calças e manto. Os adereços resumem-se à lâmina de barbear e uma sombrinha.
E foi quando regressavam ao mosteiro, após a recolha da comida, por volta das dez da manhã, que os encontrámos.
Continuámos por Old Bagan e passámos pelo Templo Mahabodhi, um templo em estilo indiano construído durante o reinado do Rei Nantaungmya (1211-34) e que comemora o local onde Buda alcançou a iluminação. A torre piramidal, coberta de nichos que abrigam figuras de Buda, ergue-se de um bloco quadrado.
Fomos depois até ao Bupaya, nas margens do rio Ayeyarwaddy. Bupaya significa "pagode em forma de cabaça". Diz a lenda que o terceiro rei de Bagan, Pyusawhti (162 - 243), ter-se-à livrado de uma planta trepadeira, de seu nome "bu", que infestava as margens dos rios e que teria semelhanças com uma cabaça. O seu antecessor, Thamuddarit, o fundador de Bagan (108), recompensou-o com a mão de sua filha, tornando-o seu herdeiro. Para comemorar a sua boa sorte, Pyusawhhti mandou construir um templo em forma de cabaça na margem do rio Ayeyarwaddy. Esta estupa cilíndrica seria a mais antiga de Bagan mas aquando do terramoto de 1975, o templo ficou totalmente destruído quando caiu ao rio, tendo sido depois totalmente reconstruído.
Descemos até junto da margem do Ayeyarwaddy e o Kyaw Kyaw levou-nos até à esplanada de um simples barzinho local e pediu uns petiscos típicos. Não sei o que ele pediu mas nós provámos tudo, sem pensar no que seria ou em que óleo teria sido frito! Nada como ignorar para poder apreciar! E apreciámos, tudo sabia bem!
Fizemos uma breve paragem no templo Gawdawpalin, localizado em Old Bagan. Foi construído pelo Rei Narapatisithu durante o século XII e tem cerca de 60 metros de altura. Não é permitido subir ao terraço superior.
Seguimos para sul, em direcção a New Bagan, e a sul da região de Myinkaba parámos junto ao templo Nagayon, pequeno mas bem preservado. Já passava do meio-dia e o calor que se fazia sentir era muito. Depois de estarmos algum tempo à sombra das árvores que rodeiam o templo seguimos para um local especial, a casa dos sogros do nosso guia, para um típico almoço. Antes parámos para comprar uma prenda para a sua filha, um triciclo.
Fomos recebidos numa casa simples, com a mesa já posta, com uma generosa quantidade de pratos típicos. O pior foi o facto de se ter que comer no chão e aos meus joelhos não agradou nada a ideia, o que me levou a levar o tempo todo a mudar de posição!
Após o repasto, o Kyaw Kyaw decidiu levar-nos a ver mais alguns locais. Parámos junto a duas pequenas estruturas, o Seinnyet Ama e o Seinnyet Nyima. O primeiro é um templo quadrado, com quatro entradas e o segundo é um pagode, com três terraços quadrados recuados e uma cúpula em forma de sino que estava a ser recuperada.
Depois fomos até aos arredores da aldeia de Taung Bi para admirar um antigo mosteiro que está totalmente construído em madeira.
O dia já ia longo mas não poderia terminar sem assistir a mais um pôr-do-sol, desta vez nas margens do rio Ayeryarwaddy, em Old Bagan. A maioria dos turistas que aqui chegam pagam para que um barco os leve até ao meio do rio, para melhor apreciarem o final do dia. Nós preferimos manter-nos junto à margem e não nos arrependemos.
Deixo aqui um video que compila alguns dos momentos deste final de dia.
No regresso ao hotel pudemos observar alguns templos já iluminados.
Mais tarde saímos para jantar e, mais uma vez, a escolha revelou-se acertada. Comida saborosa e barata.
Deitámo-nos relativamente cedo, não que estivéssemos especialmente cansados mas porque no dia seguinte haveria um desafio a superar...
Será que o desafio foi superado?
Aguardem pelas cenas do próximo relato!
Grata por me levares a conhecer lugares onde eu não tenho coragem para ir ����
ResponderEliminar