domingo, 13 de novembro de 2016

Myanmar & Bangtao Beach - Dubai/Yangon


O voo EK388, com saída do Dubai prevista para as 03:20, levantou voo com cerca de vinte minutos de atraso. O voo teve uma duração de cinco horas e pouco, tendo aterrado por volta das 11:20 locais.

Enquanto voamos para Yangon ou Rangoon (Rangum em português), principal cidade de Myanmar, aproveito para vos falar um pouco deste país.

A capital da República da União de Myanmar (antiga Birmânia) é Naypyidaw (foi transferida de Rangoon/Yangon em 2006). O país faz fronteira com o Bangladesh, a Índia, a República Popular da China (Tibete incluído), o Laos e a Tailândia e é banhado pelo Golfo de Bengala e pelo mar de Andaman. A paisagem é composta por uma zona montanhosa a Norte e Oeste e por um planalto a Leste. A Sul encontram-se os grandes vales, rios e a zona costeira. O ponto mais alto tem 5 880 metros. 
Myanmar é o 39º maior país do mundo e um dos mais pobres do sudeste asiático. Possui um longo litoral (1 930 Km) que vai desde a fronteira com o Bangladesh, a noroeste, até à zona mais a sul, onde faz fronteira com a Tailândia. O rio Ayeyarwaddy (Irauádi em português) tem quase 2 710 km de extensão e uma bacia hidrográfica de aproximadamente 411 000km² e é no seu vale que vive grande parte da população.

A língua oficial é o birmanês e a moeda o Kyat. Estima-se que a população seja de mais de 54 milhões de habitantes (2016), dividida por diferentes grupos étnicos (135). O país tem uma área total de aproximadamente 678 000 km². A diferença horária para Portugal é de seis horas e meia. 

Culturalmente o país é bastante ligado às crenças religiosas, nomeadamente budismo e birmane, estando esta conectada com a influência dos países vizinhos (principalmente Tailândia e Índia). Tal como nessas culturas, em Myanmar também se adoram os espíritos. Outros grupos étnicos estão em minoria no país. 

O clima de Myanmar é dividido em três estações. A estação das monções vai de final de Maio até ao início de Junho e provoca chuvas fortes. A estação seca vai de Novembro até Maio. As temperaturas mais baixas mantém-se até Fevereiro e depois o calor volta e mantém-se até Maio, quando se atingem as temperaturas mais altas. A melhor época para visitar o país é entre Novembro e Fevereiro, depois das chuvas mas antes do aumento das temperaturas.

Para entrar no país é necessário visto. Optei pelo e-visa que pode ser feito através da internet. O mesmo é válido por 90 dias mas só permite estadias de até 28 dias e uma única entrada. O custo é de $50.

A história do país é longa pelo que não vos vou maçar com demasiadas informações. Se tiverem interesse podem ler este artigo: História de Myanmar. Em relação à história mais recente convém referir que a Birmânia foi integrada no território da Coroa Inglesa em 1885. Em 1940 o General Aung San formou um exército para lutar contra a metrópole, financiado e com base no Japão. Durante a Segunda Guerra Mundial o país acabou por ser invadido pelos japoneses.  Os birmaneses ficaram divididos tendo uma parte lutado do lado do Japão entre 1942 e 1944  e a outra parte ficado sempre do lado dos britânicos.
O país tornou-se independente em 1948. Em 1962 o general Ne Win liderou um golpe militar e o seu governo tornou-se na mais longa ditadura militar do mundo levando ao isolamento do país. Foram muitas as revoltas organizadas contra o regime, destacando-se a de 1988 que levou à instalação de um novo governo, o SLORC (State Law and Order Restoration Council).

O SLORC mudou o nome do país de Birmânia para União do Myanmar em 1989 e autorizou as eleições que se realizaram em 1990, cujo resultado não foi acatado. Foi nessa altura que foi decretada a prisão domiciliária de Aung San Suu Kyi, líder do partido da oposição (NLD - National League for Democracy) e filha do general Aung San (o mais famoso revolucionário birmanês e o arquitecto da independência da Birmânia). Foi a história desta mulher que fez com que o mundo prestasse atenção ao que se passava no país. Em 1991 foi-lhe atribuído o prémio Nobel da Paz. A prisão domiciliária prolongou-se de 1989 a 1995, de 2000 a 2002 e novamente de 2003 a 2010. 
Em 2008 o governou voltou a mudar o nome do país para República da União de Myanmar e agendou novas eleições para 2010 mas o processo foi denunciado como fraudulento. Mesmo assim a junta militar foi dissolvida e o  Partido da União e do Desenvolvimento assumiu um governo que continuou a levantar muitas dúvidas em relação à existência de uma democracia no país.
A 8 de Novembro de 2015 realizaram-se em Myanmar eleições gerais, a primeira eleição livre realizada no país desde 1990. Os resultados oficiais atribuíram maioria absoluta ao partido "Liga Nacional pela Democracia". Apesar de ser a líder do partido, Aung San Suu Kyi é constitucionalmente impedida de exercer a presidência (por ter sido casada com um estrangeiro) mas mantém o poder de facto no governo liderado pelo LND.

Este é um país com um passado negro, com uma população que muito sofreu às mãos de uma junta militar que violou os mais básicos direitos humanos e com situações graves ainda por resolver (caso da minoria Rohingya, muçulmanos do estado de Rakhine não reconhecidos pelo governo como "raça nacional")! 

Antes da viagem vi o filme "The Lady", sobre a vida de Aung San Suu Syi. Aconselho que vejam este filme se melhor querem perceber a história recente de Myanmar. Também li alguns livros que aconselho: "Regresso a Mandalay", "O Milagre de viver sorrindo", "O afinador de pianos" e "Do outro lado do mundo - cartas da Birmânia".

Ao longo do relato desta viagem irão entender que o título de um destes livros define muito bem a população deste país...


Por volta das 10:40, entre as nuvens,  começaram a surgir as primeiras imagens de Myanmar e o que saltou à vista foram os diversos cursos de água, braços do principal rio do país, o Ayeyarwaddy . Com a aproximação ao solo começam a destacar-se as planícies verdes, as vilas e aldeias e os plásticos azuis que cobrem muitas das casas. 

  









Video da aproximação e aterragem em Yangon!

Quando entrámos no aeroporto fomos surpreendidos por um edifício novo, moderno e muito limpo e cuidado! Passado o controle de passaportes e vistos, levantámos a bagagem, trocámos dinheiro ($100 = 129 000 Kyats) e comprámos um cartão SIM para o telemóvel com 2GB de Internet por 16 000K (11,36€). Para melhor terem uma noção dos preços o câmbio era o seguinte: 1 000K = 0,71€ ou 10€ = 14 048K. 
Foto retirada da Internet
Detalhe do edifício do aeroporto
Cerca de 1 hora depois de termos aterrado já estávamos no exterior para apanhar um táxi para Chinatown, no centro da cidade (10 000K = €7,10). O aeroporto situa-se a cerca de 10km da cidade.

A primeira palavra que se ouve quando aqui se chega é "Mingalaba " - Sejam bem-vindos!
Obrigada! - "Chei-zu- tin-bar-te"!   "De onde são?" "Poh-tu-gui", porque se respondermos Portugal eles não vão compreender.

Estava calor mas a humidade era menor do que aquela que esperava encontrar, sentia-se um calor mais seco!

Durante a viagem observámos com atenção os locais e as pessoas que iam desfilando à frente dos nossos olhos! O que nos chamou imediatamente a atenção foi o som das buzinas dos carros, um som incessante, e também a vestimenta usada pela maioria dos homens, mas sobre isso falarei mais à frente. 

Yangon ou Rangoon é uma das antigas capitais do país (deixou de o ser em 2006), a maior cidade do país e uma das grandes metrópoles do sudeste asiático com mais de 5 milhões de habitantes. Yangon significa "cidade livre de inimigos". É a cidade mais utilizada para entrar em Mynamar e situa-se a no coração da parte inferior de Myanmar.

A cidade (Dagon) foi fundada no século VI pelo povo Mon e era na altura uma pequena vila de pescadores que fazia parte de um roteiro peregrino ao Pagode Shwedagon. No ínicio do século XVII era ainda uma aldeia perto do Pagode, estando a principal cidade em frente, do outro lado do rio, Syriam, que foi tomada aos portugueses em 1613. A partir daí Rangoon cresce a acaba por se tornar a capital do país em 1753. Foi ocupada pelos britânicos entre 1824 e 1948, ocupação essa que teve uma grande influência na arquitectura da cidade. Era conhecida como "A cidade jardim do Oriente". 
A cidade foi destruída por um incêndio em 1841 e por um terramoto e tsunami em 1930. Reconstruída, foi novamente abalada durante a segunda guerra da independência anglo-birmanesa. 
O fim da ocupação britânica foi um momento bastante importante e um ponto de viragem na história, não só do país mas também da cidade. O nome passou de Rangoon para Yangon em 1989 mas o antigo nome continua a ser utilizado por muitos.
Durante os anos 80 a ditadura militar iniciou um plano de realojamento que transferiu para cidades satélites muita da população que habitava no centro. Em 2005 a capital do país passou a ser Naypyidaw embora Yangon tenha continuado a ser a cidade mais importante.

Chegámos a Chinatown, que se estende entre a Shwe Daung Street e Shew Dagon Pagoda Road assim como da 17ª até à 24ª rua do distrito de Latha.
Estamos em Myanmar mas aqui são os grandes letreiros com caracteres chineses que dominam.

Reservámos o hotel Best Western Chinatown, escolha feita seguindo a dica de dois viajantes cujos blogues sigo: Joland e Tempo de Viajar
E foi uma excelente escolha! Hotel bem localizado, quartos confortáveis, limpos e com uma decoração que me agradou. Funcionários atentos e muitos simpáticos! 





Depois de termos descansado um pouco voltámos a sair para ir conhecer o principal símbolo da cidade e o maior ícone religioso do país, o Shwedagon Pagoda, conhecido localmente como Shwedagon Zedi Daw The e localizado a cerca de 2,4 km do hotel.
Na rua em frente ao hotel deparámo-nos com um desfile de carros mas não chegámos a saber o que se festejava ou qual o motivo do mesmo. Vejam o video aqui:
                              



Apanhámos um táxi e alguns minutos mais tarde já visualizávamos a enorme stupa dourada do Shwedagon Pagoda. O táxi custou-nos 2000K (€1,42).


Como há muito para mostrar e explicar sobre este símbolo da cidade deixarei isso para um outro post.



Informação extra:

Em Myanmar utilizam-se caracteres próprios para transcrever a língua birmanesa falada. Este povo adquiriu esta escrita de um povo denominado Mon depois de terem invadido o seu território em 1057. Essa civilização Mon desapareceu definitivamente em 1540.


A língua mon e a língua birmanesa atribuem aos caracteres sons fonéticos diferentes, sendo, porém, as duas escritas semelhantes, podendo qualquer das duas escritas servir para escrever ambas as línguas.



Segundo a tradição, o alfabeto birmanês é formado por caracteres arredondados (ca-lohn em birmanês) pelo fato da escrita em tempos antigos ser feita sobre folhas de palmeira,  pois linhas rectas rasgariam as folhas.


1 comentário: