Veneza & Cruzeiro - Istambul (Turquia)

Istambul é a única cidade do mundo que assenta sobre dois continentes: Europa e Ásia, e é dividida pelo estreito de Bósforo. Aqui convergem as civilizações do Oriente e do Ocidente. Acho que é a enorme riqueza e diversidade cultural que fascina quem a visita! A mim fascinou-me à primeira, em 2009, também durante a escala de um cruzeiro. E para ver tantos museus, mesquitas, igrejas, palácios, bazares e beleza natural são necessários alguns dias. A cidade fervilha tanto de dia como de noite numa mistura de culturas, de habitantes e visitantes, de sons e cheiros muito característicos.

Embora, ao contrário do que muitos pensam, Istambul não seja a capital da Turquia, continua a ser a maior e mais monumental cidade do país (a capital é Ancara desde 1923).

O número de habitantes desta cidade é superior ao de toda a população portuguesa, o que nos dá uma ideia do seu tamanho e densidade populacional (ca. de 14 milhões - 2014).

A cidade foi fundada no século VII a.C., num local de natureza defensiva, donde o comércio ao longo do Bósforo podia ser controlado, e durante 16 séculos foi uma capital imperial, a primeira grande capital do Império Bizantino e depois dos sultões otomanos. Inicialmente era conhecida como Bizâncio, mas quando Constantino o Grande (324-37) se tornou o único senhor do Império romano decidiu instalar a capital do império de Roma aqui e a cidade foi intitulada de "Nova Roma" mas tornou-se conhecida como Constantinopla. Durante mais de mil anos Constantinopla foi a mais rica cidade da Cristandade. A 29 de Maio de 1453, o sultão Mehmet II, entrou na cidade após um cerco de 54 dias. Reconstruiu a cidade destruída que mais tarde viria a ser Istambul. Ao longo do século XIX e inícios do século XX, o império otomano foi ficando cada vez mais reduzido. Após a Primeira Guerra Mundial Istambul foi ocupada pelas vitoriosas tropas francesas e inglesas e por forças da Anatólia e da Grécia. A história da moderna Turquia é dominada por Mustafá Kemal Pasa (1881-1938), herói militar transformado em político, mundialmente conhecido como Atatürk ou "Pai dos Turcos". Muito haveria para contar sobre a história desta cidade mas quis só deixar alguma informação sobre o percurso de Istambul. (Fonte: Guia American Express)

A cidade é dividida não só pelo Bósforo mas também pelo Corno de Ouro, uma enseada que  forma um porto natural.

A chegada a Istambul deu-se, como previsto, por volta das 09:00 e saímos do navio uns 40 minutos depois. O navio atracou no mesmo local onde tinha ficado o Celebrity Solstice em 2009.

Estive indecisa sobre o que fazer em Istambul nesta segunda visita à cidade e deixei para decidir à chegada, depois de ver quais eram as condições climatéricas. Como já conhecíamos a zona principal da cidade, onde estão localizados os principais monumentos, acabámos por optar fazer o percurso do Big Bus Tour, cuja paragem está localizada mesmo à saída do porto. Trocámos algum dinheiro no terminal embora o câmbio seja melhor na cidade (€1,00 = 2,65/2,75 liras turcas). A maioria dos locais aceita euros. O bilhete para o autocarro custou 90 liras (cerca de € 33,00). Comprado com antecedência no site teria custado € 25,00. A paragem junto ao porto é a nº 4 da linha vermelha.

A paragem nº 5 permite visitar o Palácio e a Mesquita Dolmabahçe e o Estádio do Besiktas que nesta altura se encontrava em obras. O "Besiktas Inönü Stadyumu" foi durante décadas o estádio onde o "Besiktas J.K." jogava, juntamente com o "Galatasaray S.K." e o "Fenerbahçe S.K.". Em 2013 foi demolido para dar lugar a um novo estádio, patrocinado pela Vodafone, e com o nome "Vodafone Arena". O novo estádio terá capacidade para 40.000 espectadores. A previsão inicial era que estivesse pronto no final de 2014 mas pelo que vi tal será impossível! A inauguração só aconteceu a 10 de Abril de 2016.

A paragem seguinte é já no continente asiático pelo que é necessário atravessar a ponte suspensa do Bósforo, entre Ortaköy e Beylerbeyi. O trânsito aqui era algo caótico e a travessia levou algum tempo. Esta ponte foi a primeira a ser construída sobre o estreito que divide Istambul. Também conhecida como Ponte de Atatürk, foi terminada a 29 de Outubro de 1973, por altura do 50.º aniversário comemorativo da fundação da República Turca. Tem 1074 m de comprimento chegando a atingir 64 m acima do nível do mar.

Do lado direito, antes de atravessar a ponte, temos o subúrbio de Ortaköy que nos faz lembrar a cidade de Lisboa. Não fossem as mesquitas e as bandeiras turcas à janela e facilmente poderíamos dizer que estávamos num dos bairros da cidade das sete colinas.

Mesquita Haci Mahmut Cami 

Mesquita de Mecidiye - mesquita barroca construída num promontório perto do cais do ferry em Ortaköy

O Bósforo (o estreito que separa a Europa da Ásia confluindo no mar Negro e no mar de Mármara) tem 33 km de comprimento e varia entre 700 m e 3,6 km de largura e é um importante e vital canal de navegação. As margens são ladeadas de bonitos edifícios: mansões de madeira à beira da água, mesquitas, oponentes palácios do século XIX e magnificas residências com entradas ribeirinhas.

A parte asiática de Istambul é composta pelos subúrbios de Üsküdar e Kadiköy. A paragem do circuito permite conhecer, entre outros locais, o Palácio Beylerbeyi. Achámos que não valia a pena perder tempo aqui e não descemos. Voltámos a cruzar a ponte para sair depois na paragem nº 7, a da famosa Praça Taksim.

A Praça Taksim (Taksim Meydani), uma vasta e aberta área, é o centro da actividade do bairro Beyoglu. A palavra Taksim significa "centro de distribuição de água" porque era deste local que a água proveniente da Floresta de Belgrado era distribuída por toda a cidade (desde o início do século XVIII). O reservatório original (1732) ainda existe. Num dos lados da praça está o Monumento da Independência que mostra Atatürk e outros fundadores da moderna República Turca. Em volta da praça encontram-se barraquinhas e carrinhos que vendem comida de rua e também muitas bancas com flores. À hora que chegámos à praça o movimento era pouco. Esta praça tem o seu nome associado a grandes manifestações e protestos do povo turco.

Caminhámos um pouco pela praça e também por uma das ruas principais, com lojas, cafés, pastelarias e casas de kebab. 

Regressámos à paragem do Big Bus Tour e o autocarro tinha acabado de passar pelo que tivemos que aguardar algum tempo pelo seguinte. Saímos depois na paragem nº 9 para tentar encontrar o Hard Rock Café pois tenho o hábito de levar sempre uma lembrança de lá! Subimos, descemos, atravessámos uma e outra rua e Hard Rock nem vê-lo! Acabei por entrar na recepção de um hotel para perguntar e lá me indicaram a direcção certa....parece que o meu mapa não era grande coisa.

A paragem nº 9  fica junto ao estádio Kasimpasa

Uma das ruas de Beyoglu 

 O Hard Rock Café fica numa transversal da Istiklal Caddesi

Istiklal Caddesi é a principal rua de Beyoglu e é reservada para peões. É ladeada por blocos de apartamentos do século XIX e edifícios de embaixadas europeias.

1923-1973 - 50.º aniversário da fundação da República Turca

Regressámos à paragem 9 e retomámos o circuito, atravessando a ponte Atatürk. Voltámos a sair na paragem seguinte, a nº 10, em frente à ponte Galata e à entrada do Bazar das Especiarias.

  

Mesquita de Rüstem Pasa e em segundo plano a Mesquita Süleymaniye, a mais importante de Istambul

Mesquita Nova (1597 - 1663)

E entrámos no Bazar das Especiarias ou Bazar Egípcio, um mundo de cores, cheiros e sabores, tudo muito bem ordenado. Aqui podem-se comprar especiarias, ervas, mel, carne, doces, frutos secos e até caviar! Encontram-se também flores, brinquedos, roupas exóticas e muito mais. O mercado tem a forma de um L e foi construído no início do século XVII como uma extensão do complexo da Mesquita Nova. 

E continuámos a subir as ruas cheias de lojas, não fosse esta uma cidade onde o comércio sempre teve grande importância. Os produtos estão também expostos no exterior das lojas, muitas vezes até no chão! Ainda não tínhamos chegado às ruelas do Grande Bazar e já nos perguntávamos se haveria clientes para todas aquelas lojas. 

Passámos por algumas das entradas para o labiríntico Grande Bazar mas não entrámos, decidimos ir antes até ao bairro de Sulthanamet e tentar almoçar. É neste bairro que se encontram os dois principais monumentos da cidade, a Mesquita Azul e Hagia Sofia. Não os visitámos pois já o tínhamos feito em 2009.

Hagia Sofia, com mais de 1400 anos é um excelente exemplar da arquitectura bizantina

Uma das muitas bonitas esplanadas de Sultanahmet

Pilastra de pedra junto das ruínas de uma torre de água otomana

Esta pilastra é o único vestígio do Miliário, uma entrada triunfal

Divan Yolu Caddesi, uma das principais artérias de Sultanahmet e onde circula o eléctrico

 Após o rápido almoço voltámos ao Grande Bazar e entrámos pela porta Nurusmaniye, junto à Mesquita que dá o nome à porta. O bazar é um labirinto de ruas cobertas por abóbadas pintadas, ladeadas por lojas que parecem tendas e em que se vendem os mais diversos artigos. Uma verdadeira tentação para quem gosta de fazer compras....o que por acaso não é o meu caso, para além de que detesto regatear. Perdermo-nos aqui seria muito fácil mas conseguimos não o fazer e depois de algumas voltas descemos a colina em direcção à ponte Galata. Por esta altura o tempo já tinha piorado e a chuva começara.

Mesquita Nurusmaniye

Pormenor de decoração numa das ruas que descemos

Mesquita Nova

Eminönü, porto de onde partem os ferries para muitos destinos e também para os passeios no Bósforo. Uma zona com uma intensa actividade e onde se vendem bebidas e refeições ligeiras

A ponte Galata pode ser atravessada a pé. Na parte de cima são sempre muitos os pescadores e na parte de baixo existem cafés, restaurantes e bares.

Como cada vez chovia mais decidimos apanhar o autocarro e regressar ao navio. Muito mais haveria para ver mas ficará para uma próxima oportunidade. Istambul é uma cidade que me cativa e onde será sempre agradável voltar.

Mesquita de Kiliç Ali Pasa

E como este post já vai longo vou terminar e  deixar para depois o jantar, espectáculo de danças turcas e a a saída de Istambul pelo Bósforo.

Até breve!